O nada
- Estive Galhardi
- 21 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de out. de 2024

O nada,
por não suportar não existir,
passou a existir e,
por isso, se extinguiu.
O nada não suporta nada,
a gente muito menos.
Talvez, seja porque sejamos sabidos demais…
E, como o nada, não suportamos nada.
Destruímos tudo.
Talvez por isso, não sobra nada sobre nada.
O nada era para ser nada. Sem palavra; sem discurso; sem aprofundamento.
O nada, não era nem para gente saber — muito menos falar — porque a partir do momento que se sabe, vira algo e então não é mais nada.
Parece que nada é nome que a gente dá para nossa limitação e que serve para tudo o que não se entende; se conhece; se sabe…
E aí, parece que nada é nosso.
E aí, parece que é tudo do nada.
E fim de papo; e se esgota; e me esgoto; e não tem sentido; e o seu significado, que é tão ordinário, se atribui a tudo que achamos que é nada e então achamos que sabemos; sem saber de nada. Ou nada disso.
Me parece que percebo alguma percepção sobre nada em um ponto diametralmente oposto à nossa convenção sobre a sua definição.
O nada é uma afronta ao nosso intelecto.
O nosso intelecto é uma afronta à vida.
Talvez seja por aí.
E, talvez, o raciocínio seja coisa do tipo nada.
Quando a gente entender, talvez ele se extinga.
E talvez, de novo, estejamos no caminho.
Qualquer coisa, não se atribui a nada.
Porque parece que tudo, não serve pra nada.
E pra gente, nada, serve pra tudo.
O raciocínio não aceita o nada.
O raciocínio
NÃO
ACEITA
NADA.
Nada? Como nada?
Acho melhor mesmo deixar o nada pro nada.
O nada não exige conhecimento, reflexões profundas…
O nada enlouquece. Alucinação coletiva.
Veja só, tão dedicado como qualquer um de nós, sobre o nada, venho em sua defesa. E como sempre, sobre esse tema, equivocado, falho vergonhosamente e miserável.
Em defesa de nada, não lhe peço nada.
Tudo que lhe peço é que deixe o nada em paz.
Não tem jeito.
A gente não deixa nada em paz.
Não tem jeito.
A gente quer tudo…
Inclusive o nada.
Nada existe.
Nada é meu!



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